drama de carne e sangue
que a vida escreveu com a pena dos séculos.
[…]
Pelo teu regaço, minha mãe.
Outras gentes embaladas
á voz da ternura ninadas
do teu leite alimentadas
de bondade e poesia
de música tirmo e graça..
santos poetas e sábios..
Outras gentes… não teus filhos…
que estes nascendo alimárias
semoventes, coisas várias
mais são filhos da desgraça
a enxada é o teu brinquedo
trabalho escravo - folguedo…
Pelos teus olhos, minha mãe.
Vejo oceanos de dor
claridades de sol posto, paisagens
roxas paisagens
[…]
Mas vejo também
que a luz roubada aos teus olhos, ora esplende
demoniacamente tentadora - com a certeza…
cintilantemente firme - como a esperança…
em nós outros teus filhos,
gerando, formando, anunciando
- o dia da humanidade.
— | Viriato da Cruz |
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